As raízes deste podcast se estruturam sob o terreno das mulheridades, do universo acadêmico e da possibilidade de amplificação das vozes femininas
As raízes deste podcast se estruturam sob o terreno das mulheridades, do universo acadêmico e da possibilidade de amplificação das vozes femininas
Tem uma poesia da artista indiana Rupi Kaur, chamada “legado”, que traduz a inspiração originária deste projeto, materializado em um produto técnico feminino: “me levanto/ sobre o sacrifício/ de um milhão de mulheres que vieram antes/ e penso/ o que é que eu faço/ para tornar essa montanha mais alta/ para que as mulheres que vierem depois de mim/ possam ver além” (Kaur, 2018, p.213).
É por meio da identificação de que posso, a partir de ferramentas acessíveis a mim, produzir e entregar ao Universo uma produção para/com/por mulheres que "Retratos Femininos" existe e está disponível para acesso.
SOBRE MIM
O meu nome é Rayssa Mambach, sou jornalista, formada pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa) no início de 2023, e, atualmente, sou estudante do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Indústria Criativa (PPGCIC) da Universidade Federal do Pampa. Sou natural do município de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Tenho quatro anos de experiência com comunicação política, trabalhando, especialmente, na defesa dos direitos humanos, com ênfase na criação, aplicação e manutenção dos direitos das mulheres, da população negra e LGBTI+. Enquanto pesquisadora, tenho experiência com Análise de Discurso (AD) e estudos sobre mulheridades. Compreendo que, apesar de exaustivo, é importante o processo de diálogo e construção de um futuro que
represente justiça social e acesso à igualdade e equidade a todos. Gosta de ler, escrever, ouvir música, assistir filmes e séries.
SOBRE RETRATOS FEMININOS
Retratos Femininos é o meu projeto de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I), produto técnico comunicacional obrigatório para a conclusão do primeiro ano do mestrado em Comunicação e Indústria Criativa da Unipampa. Este projeto foi orientado pela Prof.ª Dr.ª Alciane Nolibos Baccin (Unipampa), e coorientado pela Prof.ª Dr.ª Luciana Menezes Carvalho (UFSM).
"Sobre vivências femininas" é a primeira temporada de Retratos Femininos, que busca oferecer um panorama das diferentes vivências femininas sobre situações diversas. É feito para, com e por mulheres.
Retratos Femininos foi construído com a participação de mais de cem mulheres, desde o seu planejamento, iniciado em abril de 2024, até a sua conclusão, em dezembro de 2024.
Para materializar este produto, primeiro, foi realizada uma pesquisa on-line que alcançou 92 mulheres de diferentes partes do Brasil, com o objetivo de identificar a faixa etária das mulheres que consomem podcast no Brasil, além do interesse feminino em um produto feito para/com/por mulheres. Na sequência, foi feito um diálogo em grupo, com três mulheres de diferentes idades (contudo, entre 18 e 35 anos, conforme diagnóstico que apontou o interesse deste grupo em podcasts), residentes da cidade de São Borja, para obter informações mais aprimoradas do interesse feminino em produtos comunicacionais para e com mulheres.
Logo, Retratos Femininos tomou forma. Para o podcast, 15 mulheres residentes de São Borja foram entrevistadas. A maioria das entrevistas foi realizada na casa das personagens, para que o som ambiente fosse o mais cotidiano possível. Assim, barulho de passos, cachorros latindo, vizinhos falando farão, naturalmente, parte da experiência de ouvir "Retratos Femininos - Sobre vivências femininas".
Como justificativa social, o projeto Retratos Femininos considera a realidade de constante desigualdade de gênero em que vivem as mulheres, apesar de não ter sido elaborado com o objetivo de discutir problemáticas de gênero ou violências/violações sofridas pelas mulheres, apenas buscou levantar perguntas e respostas a partir de vivências femininas. Mas é importante considerar as violências que atingem as mulheres tanto em São Borja, quanto no Brasil inteiro.
Apesar de sermos a maioria no País, ainda estamos subrepresentadas em cargos de liderança e tomada de decisão. Além disso, conforme a 10° Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada pelo Instituto DataSenado em conjunto com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), 68% das brasileiras têm uma amiga, familiar ou conhecida que já sofreu violência doméstica. O estudo também apontou que as mulheres identificam que a violência aumentou nos últimos anos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 50% das mulheres que convivem com crianças em casa não trabalham, porque ficam responsáveis pelos afazeres domésticos, e as mulheres que estão no mundo trabalho recebem quase 20% a menos do que os homens, mesmo quando elas ocupam a mesma função que eles, segundo o 1º Relatório de Transparência Salarial.
Ao analisar a gravidade deste cenário (e considerando tantas outras situações desigualdade de gênero no território nacional), que se expressa em um problema social e que precisa de estratégias para combatê-lo, Retratos Femininos utiliza da Comunicação para dar voz às mulheres, considerando que oferecer espaço para as mulheres falem sobre suas vivências é uma forma de ativismo midiático (Woitowicz, 2012).
Retratos Femininos não tem a pretensão equivocada de combater a desigualdade de gênero, para isso, é necessário ações dos agentes Estado, Economia e Sociedade, contudo, apenas pontuar sobre a urgência dessas ações não é suficiente. Devido a isso, Retratos Femininos se propõe a ser um mecanismo de amplificação das vozes femininas, especialmente por ser construído para/com/por mulheres, e ocupar um espaço (a Podosfera) dominado, já, pela masculinidade.
SOBRE O PPGCIC
O Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Indústria Criativa é um mestrado profissional da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), e se articula a partir de duas linhas de pesquisa: Comunicação como indústria criativa e Comunicação para indústria criativa. Na primeira linha, a comunicação é abordada como um processo sociocultural, tecnológico e de inovação, com potenciais estratégicos nas esferas econômica, política e social. Na segunda, é compreendida como os processos que orientam a estruturação e o desenvolvimento de ações, produtos, espaços e sistemas capazes de possibilitar e potencializar a criatividade, bem como sua expressão, compartilhamento e apropriação, gerando novos agenciamentos e ressignificações.
O mestrado tem como objetivo suprir a necessidade de profissionais qualificados na área da comunicação e indústria criativa, reconhecendo o potencial dos segmentos criativos para a economia e o campo social da região Sul do País. O PPGCIC é ofertado na modalidade presencial e está localizado na cidade de São Borja, interior do estado gaúcho.